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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Bisfenol A e Ftalatos - Você come sem saber

  Bisfenol A (BPA) foi sintetizado pela primeira vez em 1891. Foi pouco utilizado até a década de 30, quando cientistas descobriram que o BPA poderia ser empregado como um estrogênio artificial (hormônio sintético). Mais tarde outro novo composto sintético foi considerado mais efetivo, DES – dietilestilbestrol , no entanto sua utilização foi proibida pelo fato do DES ser associado ao câncer no sistema reprodutivo de recém-nascidas do sexo feminino cujas mães consumiram DES durante a gestação. Esse fato deveria ter servido de alerta para a possibilidade do Bisfenol também apresentar propriedades tóxicas, o que depois foi confirmado.
  Em 1950 um outro emprego foi descoberto para o BPA. Na produção de plástico sua adição torna o material mais maleável e menos propenso a rachaduras. Entre 1980 e 2000, a produção de BPA nos Estados Unidos cresceu 500%. Hoje é um componente presente em plásticos produzidos a partir de policarbonato transparente e é um negócio altamente lucrativo.          Em 2010, a utilização do BPA está sendo seriamente questionada em vários países após estudos o relacionarem a uma série de problemas de saúde.

  O BPA é um aditivo químico, usado na fabricação do plástico e no revestimento de latas de comida e bebida. É encontrado principalmente em mamadeiras, latas de refrigerante, cerveja e alimentos. Já os Ftalatos assim como o BPA também são químicos utilizados como aditivos para plásticos a fim de torná-los mais maleáveis, presentes no PVC e em milhares de produtos como brinquedos, embalagens de alimentos, capas de chuva, cortinas de banheiro, tintas, lubrificantes, adesivos, produtos de limpeza e até em produtos de beleza como shampoo, desodorante e sabonete.    

  Hoje sabe -se que as ligações químicas entre as moléculas destes químicos são instáveis, fazendo com que está substância se desprenda do plástico e contamine os alimentos e produtos embalados. No caso de aquecimento do plástico, a contaminação é ainda maior. 

E quais os riscos para a nossa saúde?

  Uma pesquisa da Universidade de Michigan, publicada  esta semana no jornal científico Environmental Health Perspectives, revela que adultos com altos níveis de ftalatos e BPA na urina tendem a apresentar alteração no nível de hormônios da tiróide na corrente sanguínea. Esse é o primeiro estudo desse tipo feito em grande escala com humanos. Os resultados são coerentes com outras pesquisas que associaram o bisfenol e os ftalatos a problemas sérios de saúde como a redução da quantidade do esperma, atrofia testicular, câncer de fígado, de mama e de próstata, obesidade, diabetes e infertilidade.

  Estes químicos foram classificados como desreguladores endócrinos, ou seja, em determinados níveis de exposição eles prejudicam o sistema endócrino, comprometendo os testículos, ovários e a tiroide. Os pesquisadores da Universidade de Michigan compararam amostras de sangue e de urina de 1.346 adultos e 329 adolescentes. Os resultados indicam maiores concentrações de ftalatos e BPA em pessoas com menor nível de hormônios da tiróide. De acordo com o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e do Fígado dos Estados Unidos, quando o nível de hormônios da tiróide cai muito, é possível desenvolver o hipotireoidismo, um distúrbio que afeta 5% dos americanos. 

  “Os indivíduos com maior concentração de bisfenol e ftalato no sangue chegam a ter 10% a menos de hormônios na tiróide”, explica John Meeker, autor principal do estudo. “E se você pensar que uma população inteira está exposta a esses químicos, com certeza teremos a ocorrência de mais pessoas com problemas na tiróide”, adianta.

  Considerando as inúmeras pesquisas que relacionam ftalatos e o bisfenol a doenças graves, especialistas em saúde pública estão recomendando que todos, mas principalmente mulheres grávidas e crianças, evitem embalagens de alimentos ou bebidas feitas de plástico ou latas de alumínio.

       Então será que devemos viver dentro de uma redoma de vidro para fugir desses e outros perigos que estamos expostos? Claro que não né. O que devemos fazer é evitar os excessos e manter o equilíbrio do organismo com alimentação saudável. Comece trocando seus potinhos de plásticos por vidro (compre um a cada mês), não esquente seus alimentos no microondas em potes plásticos, não tome líquidos quente em copinhos descartáveis. Essas pequenas atitudes já fazem grande diferença.

 Visitem também o site http://www.bpafree.com.br/ 

Notícia originalmente publicada em: Endocrineweb (11/07/2011), Toronto Sun (12/07/2011),Environmental Health Perspectives (12/07/2011)

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